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Geopolítica: China pode ocupar novo status mundial pós COVID-19?

  • Foto do escritor: Jeferson Alexandre Miranda
    Jeferson Alexandre Miranda
  • 11 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Na luta para conter o COVID-19, uma coisa ficou clara: reivindicar prematuramente qualquer tipo de vitória pode ser caro, embaraçoso e politicamente duvidoso.


Mas a China pode ter conquistado um certo status que permite aplausos. Embora tenha sido o país dos primeiros casos detectados de coronavírus e inicialmente contou com um procedimento duvidoso de seus governantes o que a levou a perda de vidas, impacto econômico e reputação, o país virou o jogo na medida que conseguiu controlar o surto com eficácia e dentro de sua realidade com um número de mortos, proporcional à sua população, muito pequeno.


Isto atraiu o olhar do Ocidente que em busca de segurança acabou por adotar experiências de sucesso daquele país. Agora, uma China relativamente equilibrada está enviando ajuda relacionada ao coronavírus para o exterior na forma de médicos, máscaras e ventiladores, numa demonstração de Soft Power que pode desacelerar o revés geopolítico a seu favor.


Outros países, incluindo Cingapura e Austrália, também ganharam elogios por administrar o surto relativamente bem. Mesmo na Itália, onde o número acumulado de mortes atingiu números desastrosos, há exemplos positivos de contenção proativa.

Os revezes geopolíticos da China, segunda maior economia do mundo, está sendo revertido pela sua importância na abertura para atender e ajudar países que agora estão enfrentando as mesmas dificuldades que ela enfrentou inicialmente com medidas que ajudam a conter a disseminação do vírus.


Somente mergulhando na cultura oriental professada pelos chineses é possível entender seu sucesso em controlar a epidemia do coronavírus em Wuhan com um mínimo de mortes e impedindo que se alastrasse por sua imensa população.

É comum aqui no ocidente que se associe a China é um Estado autoritário, que com punho de ferro impõem a sua população um confinamento que seria impossível a sistemas republicanos como o nosso. As teorias de oposição afirmam que o “Imperio do Centro” esconde informações ou até as modifica ao sabor de suas vontades. Não duvido disso. Mas o a fato é que conseguiram conter com eficácia a disseminação.


É mais real entender seu sucesso muito além do poder coercitivo do Estado socialista. O diferencial do povo chinês é sua histórica coesão social associada ao emprego de uma tecnologia avançada que hoje coloca o país sino na linha de frente da inovação mundial.

Quero explicar aqui que por “coesão social” me refiro ao sentimento comum que faz os chineses se sentirem parte de uma comunidade e obedecerem ao regramento de seu dia-dia em prol de seu grupo ou mesmo seu país. É na compreensão desta qualidade que conseguimos discernir o porquê de os operários chineses agirem sincronizados e aceitarem ganhar salários abaixo da média mundial.


Qualquer chinês trabalha muito mais horas por dia que um brasileiro e são extremamente produtivos. É claro que em uma cultura milenar reforçada pelo confucionismo é praticamente impossível desassociar esta coesão social ao autoritarismo de Estado, mas ao observar como outros países como a Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan e Japão, regimes democráticos com culturas semelhantes à chinesa também estão tendo sucesso em controlar a epidemia.


Não fica dúvida que a cultura oriental é muito mais potente do que os seus regimes políticos para alcançar o sucesso em momento em que a sociedade é chamada ao dever coletivo.


Finalmente o investimento em pesquisa e o desenvolvimento tecnológico é o que leva estes países a não depender de insumos externos no combate ao COVID-19. Tecnologias de testagem, acompanhamento dos movimentos da população pelos celulares, equipamentos de proteção de médicos e paramédicos e amplo uso de equipamentos caros e complexos, como tomógrafos, para melhor diagnosticar os doentes fazem diferença em suas recuperações ágeis.


O momento atual é de muita especulação sobre o mundo pós-coronavírus, mas parece inevitável perceber que não emergiremos dessa pandemia como éramos antes. Não podemos afirmar que caminhamos para uma “Pax Chinesa” uma vez que o tombo da economia chinesa e a forma como ela vai retomar sua força é ainda mera especulação milenarista. Mas se a China antes da pandemia já vinha ocupando um posicionamento mais efetivo no cenário geopolítico mundial após a crise ela poderá emergir ainda mais forte e a Ásia pode vir-a-ser um novo polo econômico mundial. Não se pode negar que a Nova Ordem Mundial já se tornou obsoleta.

 
 
 

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